terça-feira, 13 de abril de 2010

Porque manter o mangue de Suape


entrevista exclusiva

Porque manter o mangue de Suape

POSTADO ÀS 12:06 EM 13 DE ABRIL DE 2010
Ralf Schwamborn é professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com doutorado na Alemanha, ele pesquisa a dinâmica dos manguezais e a teia trófica (cadeia alimentar) desses ecossistemas. O biólogo foi um dos pesquisadores convidados pela Comissão de Meio da Assembleia Legislativa para debater o projeto de lei do governo de Pernambuco que propõe o desmatamento de 1.076 hectares de vegetação nativa em Suape, dos quais 893 são de mangue. Veja o que o especialista acha do aterro recorde na entrevista a seguir:
 
1-O senhor tem conhecimento de um desmatamento de mangue dessas proporções, no Brasil?
Ralf Schwamborn - Não conheço projeto de lei com uma destruição de manguezais nas proporções que observamos em Suape. Acho totalmente absurdo. Trata-se de um modelo de desenvolvimento econômico antiquado, do século 19: destruição permanente dos recursos renováveis com a perspectiva do lucro imediato. Não sei como alguém pode propor uma lei dessas. O caminho deveria ser o inverso: em função dos imensos danos ambientais já causados em Suape, deveria se propor, como medida compensatória, a preservação das poucas áreas remanescentes, com estruturas que favorecessem a educação ambiental.

2- Que danos o corte de uma área tão extensa acarretaria ao meio ambiente?
Ralf Schwamborn
 - O desmatamento proposto causaria impactos drásticos e permanentes sobre o meio físico, geológico, biótico e antrópico, em escala local e regional.
3-No meio físico?
Ralf Schwamborn -Alteração das propriedades da água do mar nas proximidades do estuário e da baia de Suape (aumento da turbidez da água do mar na zona costeira).
 
4-No meio geológico?
Ralf Schwamborn - Alteração da dinâmica de transporte de sedimentos costeiros (aterros/assoreamento).
 
5-No meio biótico?
Ralf Schwamborn
 - Centenas de espécies usam o manguezal como berçário, ou seja como local de abrigo para suas formas jovens. Entre estas, estão inúmeras espécies de importância sócio-econômica (espécies de camarão, caranguejo, guaiamum, peixes, ostras) e várias espécies ameaçadas de extinção. Exemplos: pitu (Macrobrachium carcinus) e mero (Epinephelus itajara).

6-Nas funções ecológicas do mangue?
Ralf Schwamborn 
- Ressaltamos a produção de plâncton nos manguezais e a função do manguezal como “filtro biológico”, retendo matéria orgânica e poluentes, como metais pesados. A destruição dos manguezais em Suape acarretará na liberação destas substâncias tóxicas no mar da zona costeira, com consequências drásticas e incalculáveis para o meio ambiente, por exemplo para os recifes de corais na região.
7-No meio antrópico?
Ralf Schwamborn -
 Haverá um forte impacto direto sobre a população ribeirinha local que vive da exploração sustentável do mangue e da pesca. É discutível se a renda gerada coma expansão de Suape beneficiará estas pessoas. Alternativas locacionais: Será que a expansão de Suape tem que ser necessariamente nos manguezais e restingas, os ecossistemas que mais sofrem com a atividade antrópica na zona costeira? Não haveria outras áreas disponíveis, atualmente usadas para a agricultura?
 
debate

Assembleia realiza audiencia pública sobre desmatamento recorde em Suape

POSTADO ÀS 17:22 EM 12 DE ABRIL DE 2010
O desmatamento de 1.076 hectares de vegetação nativa no Complexo Industrial e Portuário de Suape será debatido nesta terça, a partir das 9h, na Comissão de Justiça da Assembleia Legislativa. A audiência pública foi solicitada pela deputada Jacilda Urquisa (PMDB), da bancada de oposição.
É que o projeto de lei que prevê o corte de 893,4 ha de mangue, 17,03 ha de mata atlântica e 166,06 ha de restinga, foi enviado à casa pelo executivo. No texto, o governador Eduardo Campos alega que o corte é necessário à implantação do chamado cluster da industrial naval em Suape, com pelo menos um estaleiro confirmado.Foto aérea do local ser desmatado: Arnaldo Carvalho/JC Imagem, 10-04-2010.Foto aérea do local ser desmatado: Arnaldo Carvalho/JC Imagem, 10-04-2010.Foto aérea do local ser desmatado: Arnaldo Carvalho/JC Imagem, 10-04-2010.
Foto aérea do local ser desmatado: Arnaldo Carvalho/JC Imagem, 10-04-2010.

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desmatamento

Ibama inicia monitoramento em Suape

POSTADO ÀS 10:00 EM 12 DE ABRIL DE 2010
 
Publicado no Jornal do Commercio, em 12 de abril de 2010.
O Ibama deu início, no fim de semana, ao monitoramento dos impactos ambientais do Complexo Industrial e Portuário de Suape. No sábado, equipe do instituto sobrevoou o local, ao Sul do Grande Recife. "Foi um voo de reconhecimento, um primeiro passo", explica Leslie Nelson Jardim Tavares, chefe da divisão de Controle e Fiscalização.
O analista ambiental lembra que ataques de tubarão e erosão costeira em praias ao norte de Suape estão relacionados, segundo pesquisadores, à implantação do complexo industrial e portuário, na década de 80, quando foram aterrados 600 hectares de mangue. "Já existem publicações científicas que comprovam isso."
No sobrevoo, Leslie identificou a área de 1.076,49 hectares de vegetação nativa, cujo desmatamento está previsto em projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A proposta do governo do Estado é suprimir 893,4 hectares de mangue, 17,03 de mata atlântica e 166,06 de restinga para ampliar a área do complexo.
"Os impactos ambientais de uma obra desse porte não se resumem ao desaparecimento de árvores e caranguejos. A pesca certamente deverá ser afetada, já que nove de cada 10 peixes capturados no mar nascem no manguezal." Para Leslie, é necessário conhecer todos os possíveis impactos, para que seja promovida a compensação ambiental e social.
O licenciamento de obras em Suape é estadual, ou seja, cabe à Agência Pernambucana de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH). O Ibama, no entanto, está discutindo se decidirá pelo licenciamento conjunto no caso da obra de ampliação, em função da dimensão do desmatamento. Um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, que é o tamanho de um campo de futebol. A supressão proposta pelo governo do Estado equivale à derrubada de mil campos cobertos de vegetação nativa.
Leslie Tavares lembra que, quando o corte da vegetação é feito em Área de Preservação Permanente (APP), é preciso a anuência do Ibama. O mangue e a restinga, conforme o Código Florestal (Lei Nº 4.771/1965), são APPs.
Foto aérea do local ser desmatado: Arnaldo Carvalho/JC Imagem, 10-04-2010.

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mato grosso

Amazônia perdeu 208 km² no primeiro bimestre do ano, diz governo federal

POSTADO ÀS 07:48 EM 12 DE ABRIL DE 2010
BRASÍLIA  -  Os satélites do governo federal detectaram alertas de desmatamento numa área de 208 km2 da região amazônica no primeiro bimestre deste ano.
Essas alertas são repassados de 15 em 15 dias para o Ministério do Meio Ambiente, para que equipes do Ibama possam evitar o desmate total dessas áreas.
A área com derrubada de árvores captada nesse intervalo é equivalente a 11 vezes o território de Fernando de Noronha. No bimestre, a derrubada concentrou-se em Mato Grosso, com 69% do total (143 km2). O Estado é líder nacional na produção de soja.
No mesmo período do ano passado, os alertas somaram 365 km2. No entanto, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), uma comparação entre os dados não é recomendável, já que a captação das imagens de satélite costuma variar bastante por conta das condições climáticas, como excesso de nuvens e chuvas.

Um comentário:

  1. Precisamos ficar atentos a estas discussões que ocorrem em nosso Estado, e nos mobilizarmos em torno da causa, preservar o meio ambiente é uma questão emergencial e de sobrevivência do planeta.

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